O outro lado do rio
Quando se era moleque aqui por essas bandas atravessar o rio Irituia era como um ritual sagrado. Um divisor de águas em nossas vidas. Um momento em que enfrentávamos, sozinhos, cada um ao seu tempo, o grande medo! O medo das águas, O medo da morte, O medo do boto Atravessar o rio era como ser parte dele, finalmente ser parte dele. Do grande rio Irituia, de águas secas e de grandes cheias... Do rio do peixe, da cobra, do banho, do banzeiro, do pescador... Atravessar o rio era ser um pouco mais corajoso só quem conseguia atravessa-lo podia chegar até o barro O barro branco/cinza que é a argila do outro lado Ouro e arte nas mãos dos que dela sabem se aproveitar Do outro lado do rio era que as coisas aconteciam boa parte da pira que se brincava ocorria do outro lado Lá era o lado dos destemidos das trilhas na mata da guerra de barro... Atravessar o rio não era só aprender a nadar era muito mais que isso havia uma certa mágica naquilo lá do outro lado tinha o ci