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Mostrando postagens de 2020

Uma pequeníssima parte

Hoje, mais uma vez, acordei bem cedo, bem cedinho mesmo, junto com os pássaros e os silenciosos sons da natureza.  Acho que chuvia e eu conseguia ouvir a água caindo, tocando as folhas do abacateiro. Junto a esse som divino se misturava o canto dos pássaros. Suis, Bem-te-vis, sabiás... Uma Coleira acabou de se juntar a cantoria e seu canto trouxe memórias a consciência... Lembrei do meu tempo de moleque que levantava cedo pra ir atrás de passarinho... Que bom que hoje eu aprecio a vida de outra forma, hoje sei que o que a natureza nos dá de graça não precisa ser aprisionado, apenas sentido...  As cores do céu alvorecendo pintam sempre o mais belo quadro, toda manhã, ainda que o tempo esteja nublado, a natureza dá seu jeito de ser um espetáculo... Me passa pela cabeça agora se essa sensibilidade que chega é produto da idade que avança, a juventude tem pressa e a velhice é calma e eu tô bem no meio dessa estrada, pendulando entre o velho e o novo... O vento que entra agora pela janela te

Solitude

Eu estou terminando este tenebroso ano de 2020 solteiro, só, sozinho, zerado, zero, sem nada, vagando, sem ninguém, nada, nadinha mesmo, sem contatinhos, sem perspectiva, sem ilusões, sem encontro as escondidas, sem mensagem chegando, quase um celibatário, casto, quase virgem novamente, um monge isolado, um astronauta em missão hétero, um refugiado emocional... Tá bom já, vocês entenderam o drama. Pois bem, para além desse fato há uma reflexão!  Ficar sozinho, depois de muito tempo de um relacionamento, assusta um pouco. O mundo já não é mais o mesmo! As coisas estão mais rápidas, rasas e superficiais! Dá pra se ter um novo amor rapidinho! Já repararam que se diz "amor" ao outro Rapidão! As vezes a parada é só ali e agora, só um encontro, só uma transa, mas já é tempo bastante para se desgastar a palavra "amor", ou, até a antes sagrada frase "eu te amo"! Pois é... Tô aí nesse mundão! Mas para além da velocidade das relações atuais quero dar destaque a algo

Um bom Natal é do jeito que for melhor pra vc

Eu preciso mandar um recado para aquela parte da população que não está/estará feliz hoje por conta do Natal! Tem muita gente que sofre no dia de hoje e esse sofrimento não se dá pela ausência de bens materiais ou pela perda de alguém ou porque não vai ter ceia de Natal. Pessoas que tem problemas emocionais se sentem mal no dia de hoje justamente por não conseguirem se sentirem bem como aqueles que o cercam. É muito ruim não conseguir se sintonizar com a felicidade alheia, a pessoa se sente culpada e fica pior porque não se trata de uma escolha. Portanto, a todos que hoje não se sentirem bem, não se cobrem, vocês não tem culpa de nada, vocês não tem obrigação de nada, se for melhor, se recolham mais cedo, façam uma oração, ou procurem se distrair do seu jeito.  Não há uma fórmula para se passar um Natal, não há uma lei, faça do seu jeito, ao seu modo, respeite sua condição. É só um dia. É só uma comemoração e cada um vive isso de um jeito. Um bom Natal é do jeito que for melhor pra voc

Curativo da alma

É preciso paciência para o tempo se tornar a cura  Eu sei que não parece mas ele tá agindo agora  Por mais que a gente não perceba a dor tá indo embora  O tempo que não passa  Agonia e incomoda  Deixa a dor mais poderosa  Mas é aí que tá a ironia  O tempo em que se sofre não volta  Nada aqui eterno  Nem essa dor aí  Ela tá indo embora  Respire  Respire de novo  Sinta o ar trazendo a calma  O tempo tá fazendo a parte dele Ele é o curativo da alma.

Acabou

Acabou  Eu sei  Não dá mais pra tentar de novo  A gente já fez isso tantas outras vezes Sinto saudade  Você também deve sentir  Mas finalmente chegou o fim  Ver os planos de outrora se partirem  parte sempre meu coração. Quantas vezes tive que juntar os pedaços dele? Tudo ficou grande a casa, a cama, a mesa, o sofá e até a rede...  E o meu coração doeu tanto  Se eu fosse por tudo em verso venceria Homero Mas só quero desabafar  Por tudo pra fora  Desocupar o que tá pesado aqui dentro  Varrer esse amor pra debaixo do tapete pelo menos  Como pode as coisas serem desse jeito? Alguém aparece Faz morada  Cria vínculo E depois vai embora... Leva junto o que não deveria ficar  Mas também leva uma parte da gente  Acho que esse vazio que fica é justamente essa parte da gente que vai embora  É preciso coragem e a autoestima lá em cima  A vida é assim funciona dessa forma  Ciclos se abrem e se fecham  Histórias começam e terminam  Assim é a vida...  É morrer muitas vezes antes de se aprender a vi

Passarinho

Se há algo que me arrependo de ter feito nessa vida foi ter prendido passarinho Como dói a minha consciência de hoje pela falta de consciência de ontem  Coisa triste o triste canto do passarinho na gaiola Não é canto é pranto  O espaço minúsculo O tempo de amansamento  A vasilha de comida num canto e a de água no outro Asas cortadas  Voou impedido Um triste acostumar-se  Que maldade tirar a liberdade de quem tem asas e nenhuma maldade Não acho nenhum um pouco bonito mais esse canto apreendido Esse canto encurralado, diminuído, sufocado, torturado pelas talas de sua gaiola me trazem angústia e dor... Não prendam passarinho  Imaginem a sua dor... Não prendam o canto dele, pois esse canto não é seu, nunca será de ninguém, esse canto é dele, é de sua natureza, apenas isso... Plante a seu redor a comida dele que ele vem cantar de graça e nesse momento escute com seu coração e perceba a diferença... O canto em liberdade é a própria natureza se fazendo Deusa e se compartilhando com a gente  N

Voltei ao templo

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Voltei ao templo  Em busca de parte de mim Sentei, conversei e orei  Vi as relíquias de outrora Antes tão raras e tão místicas  Toquei em tudo  De olhos abertos  eu busquei os antigos milagres  Senti o cheiro do sagrado Provei de seu gosto amargo  Aquela experiência sensorial Sempre tivera o poder de transcendência O poder de me levar a outros lugares  Eu sentia naquilo algo especial  Algo que nenhum outro lugar me fazia sentir  Heros me abandonou? Era ele que estivera lá antigamente? Hades venceu o duelo? Vênus sumiu?  Onde foi parar o sublime do templo? Estava e não estava tudo ali... Era o tudo e o nada Juntos rodopiando sobre mim. Eu estive mesmo lá? O templo estivera mesmo lá também? Ou eu sofri alguma alucinação? Consequências da guerra? Consequência das muitas batalhas? O que aconteceu? São todas perguntas difusas  Difíceis de se achar uma resposta Talvez se possa apenas imaginar O passado tem o poder de sufocar o presente O passado tem poder sobre o futuro Os deuses sabem disso

Vagando no cinza

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Tem algo dentro de mim gritando Algo sem nome  Algo que é contrário ao que quero  Apesar de não saber o certo o que é Sei que esta lá  Os dias, meses e anos passam  E eu continuo parado no tempo  Aprendi a fingir que tá tudo bem Pois cansei de tentar me explicar  As vezes eu esqueço que existo  E só o que quero é sair correndo  Correndo e correndo e correndo... Sem rumo. Eu queria poder rir com vocês agora  Queria muito que tudo fosse só brincadeira Mas é que dói um bocado  A minha vida parece uma fotografia preto e branco Daquelas de filme francês Tão linda e delicada mas cinza  A minha beleza é cinza e amarga  Eu escamoteio bem É verdade Quem me vê sorrindo não imagina  Mas por dentro eu carrego um veneno Eu penso, lembro e projeto o tempo todo É cansativo demais... Quando um passarinho canta aqui perto Eu imagino que tudo poderia ser mais simples Eu até consigo entender como seria se fosse Eu só não consigo ser e sentir desse jeito Tudo é muito confuso  Eu salto da alegria a dor rap

O amor fodeu comigo

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  O amor fodeu comigo e fodeu gostoso Eu lembro de cada detalhe  De como era bom o gozo  O amor fodeu comigo  Levou minha alegria embora  Fodeu comigo gostoso Eram tardes inteiras... Pernas, pele, peitos e danos  O amor fodeu a gente bonito Criou um visgo  O amor é uma cocaína  Eu ainda sinto o gosto  Aquela gosto amargo da manga  O sal do corpo  O fel do corpo ausente  O amor fodeu comigo de forma compulsiva Levou-me distante Me fez voar alto  Meu corpo caiu lá de cima  Espatifou-se sobre o solo da realidade O amor estourou meus sentidos  Medo, fuga e coragem... Ausência de tato, olfato e paladar... Foram fodas edílicas  Digna de semideuses  Vênus e Ades tortuosos de tão humanos  Batalhas dantescas de poros sobre poros  O amor fodeu comigo Levou embora minha paz  Tatoou sua pegada  pisou forte no meu peito  Me sufocou demais... O amor é um lobo faminto Devorador de carnes  Com suas patas, garras e dentes caninos  Ele morde, morde e morde... Ele arranca pedaços  O amor não é nem de lon

Casualmente sortudo

Tem coisas na nossa vida que a gente as vezes não se dá conta da importância!  Eu tenho uma família maravilhosa! Tenho um pai e uma mãe que são dois guerreiros! Tenho dois irmãos/amigos hiper amarosos! Tenho duas sobrinhas que amo como nunca pensei que fosse capaz, inclusive elas estão conseguindo me ajudar a aprender a demonstrar o que eu sinto! Aqui dentro da família eu aprendi lições pra vida que fazem a diferença! Vi brigas e perdões, vi luta, vi esforço, vi dedicação, vi vitórias e derrotas, fui acolhido e acolhi, falei pra aliviar e ouvi pra ajudar. Aprendi o que é amor de verdade, eu sei o que é amor porque eu recebi e recebo amor aqui dentro.  Eu tenho sorte por ter uma família assim, "redondinha", e que se dá bem, que se protege. Os anos que se passam vão fazendo eu enxergar melhor essas coisas e isso tem trazido paz pro meu coração. Hoje em dia eu sofro menos porque estou aprendendo a olhar de outro jeito pra minha vida.  Há quem diga que a gente é muito é besta, po

Padronizados

 É só uma observação: Eu fico daqui observando e vejo o quanto nós estamos nos tornando terrivelmente padronizados.  Já perceberam? Há uma ideia geral do que é o "belo" e ela chega nas poses das fotos, no jeito de fazer o cabelo, nos acessórios que meticulosamente se exibe, nas marcas das coisas, na seleção dos lugares que devem vim a público, na cerveja, no relógio, na sombrancelha, no olhar, no gosto da música, nos sonhos que se quer realizar... Qual o limite disso?  Perdeu-se aquela naturalidade que era o charme de cada um... Por que a gente fica se replicando, se repetindo? Meus Deus, até o sorriso se busca imitar... Quantos por aí já até se perderam no meio disso, entraram tão profundamente nessa paranóia que depois não sabem voltar! Não sabem mais o que eram ou o que são em sua particularidade. Tudo bem, eu sei que vocês vão me achar esquisito ao dizer isso, mas é justamente esse o sentido.

Redes sociais

 Vou te falar uma coisa, as redes sociais vem contribuindo muito negativamente com o desenvolvimento da coisa humana. Há uma grande valorização da vida superficial! Não me parece que as pessoas tem buscado se diferenciar através de virtudes mas, pelo contrário, tem cada vez mais buscado a coisa mais rasa possível da vida.  "Ninguém" mais diz gostar de estudar, ou ter gosto por ler um livro, ter um sonho ligado algo mais altruísta ou pelo menos uma legítima preocupação social, participar de algum projeto ou se interessar por coisas coletivas e de interesse coletivo. Nossa geração está estupidamente voltada para o próprio umbigo. Voltado para os corpos e para a ostentação, seja ela qual for. A gente perdeu alguma coisa essencial aí pelo caminho... Não sei onde foi a falha no processo, se na família, na escola, na igreja, na TV, ou que a grande vilã seja a internet... O fato é que estamos cada vez mais rasos, com conversas mais rasas, com sonhos todos iguais, com gostos todos ig

Ninguém quer se mostrar fraco

 Ninguém quer se mostrar fraco!  A nossa sociedade vive da aparência, do vencedor, do bem sucedido... As pessoas preferem se reprimir muitas vezes por vergonha de falar, por vergonha de não ser compreendido, por vergonha de expor uma vulnerabilidade. Acho que essa experiência que estou vivendo, apesar de difícil, tem me ensinado o quanto é libertador quebrar as máscaras. O quanto faz bem aceitar que sozinho a gente não consegue, que a gente precisa do outro. Nessas horas de dificuldade a gente passa a entender o que realmente tem valor. Eu fiquei extremamente feliz em receber tanto apoio de quem teve acesso ao meu relato, amigos de agora, amigos de outrora, amigos que estão distantes, amigos que fazemos aqui pelas redes... Me fez um bem danado e me apontou, sem querer, um caminho. Um jeito de resignificar esse momento.  Se eu soubesse que seria tão simples, usar da minha escrita como forma terapêutica, teria feito isso antes... Mas eu também tive medo de me expor, assim como muitos tem

A IRITUIA dos meus sonhos

 Qual é a Irituia dos meus sonhos afinal? Acho que é importante começar esse texto dizendo que vou evitar ao máximo idealizações e passos maiores que nossas pernas públicas cansadas. Vamos sonhar junto aqui, mas começando do básico. Do pequeno. Vamos juntos? O que podemos querer para o nosso município e que seja possível a qualquer gestão realizar e que se feito fará com que comecemos a sair da lama? Outro dia um amigo me parou na rua e me perguntou quais as minhas ideias pra cultura? Outro perguntou qual é a minha proposta para mudar as coisas por aqui e etc. Legal, seria legal se houvesse uma única resposta, como se fosse um passe de mágica. Não tem! Essas respostas só vão aparecer no dia em que um grupo político realmente comprometido e democrático resolver incluir o povo nessa jornada de construção desse projeto, só sabe o problema quem vive o problema, logo, só quem vive pode ajudar a construir a resposta. Isso seria a democracia funcionando. Mas tentemos ser mais objetivos. Por o

Torna-se aquilo que somos

 Eu tava aqui pensando: quanto tempo a gente demora para se tornar aquilo que realmente é?  Vejam, a vida de cada um é composta de várias camadas. Muito do que somos já vem dado no genes, claro, todos nós compartilhamos comportamentos semelhantes dados a própria espécie. Sentimos fome, cede, medo, raiva e etc. Mas a partir daí tudo é história pessoal.  Tudo tá lá no início. Tudo tá na interação de cada um com o meio em que vive. Família, depois escola e amigos, mais pra frente igreja (mas nem sempre), o que assistiu na TV e agora na internet, o que ouviu, o que conversou ao longo da vida, os afetos que se teve e aqueles que faltaram... Tudo é tão emaranhado e difícil.  Vocês já pararam pra pensar nisso? Somos produtos de uma grande construção afetiva, somada por várias experiências boas e ruins. Ninguém é o que é naturalmente, coisa dada e nascida pronta. A gente vai se talhando, vive fases, muda, analisa se aquilo serve ou não, vai criando consciência de si, até que, quem sabe um dia,

Ser fiel a si mesmo

 Ser fiel a si mesmo... Acho que só com o tempo, muito esforço e investigação sobre si mesmo a gente começa a separar as coisas.  Começamos a separar o que é nosso e o que é dos outros, começamos a si aceitar e a si perceber e dentro disso é necessário um grande exercício de humildade porque nem tudo na gente é bom e sem humildade pra aceitar isso nunca iremos se propor a melhorar. Ser fiel a si mesmo é não abrir mão, em hipótese alguma, de nossos valores, de nossos gostos, crenças e formas de enxergar, perceber e viver o mundo.  É entender que, por exemplo, a maioria das pessoas vai ter atitudes, quereres e gostos diferentes do seu e você não é obrigado a si enquadrar naquilo só pra agradar o grupo ou a uma pessoa específica. É entender que em algum momento você vai acabar desagradando pessoas por pensar e agir da forma que você acredita. Mas ser fiel a si mesmo não pode se confundir com ser uma pessoa cheia de convicções e ideias prontas e acabadas, não pode se confundir com ser uma

Musica

 A minha forma de se relacionar com o "Divino" é a música.  Num show ao vivo, ou mesmo em casa, creio que eu sinta o mesmo que um fiel sente em uma igreja. Há uma energia em transe (artista-fã) muito grande ali naquele momento pra mim.  Viva a música! Viva a espiritualidade de cada um!  Viva Legião urbana, Belchior, Engenheiros do wavai, Zé Ramalho, Raul Seixas, Caetano Veloso, Cazuza, barão, Lenine, Tio Minga, Verequete, Beatles, Pink Floyd, Oasis, Nirvana... Viva a arte, a única fuga possível do caos.

Permitam-me viver a minha tristeza

Permitam-me viver a minha tristeza  Eu já entendi que sofrer faz parte da vida há tempos Eu só peço por favor  Deixe-me viver meu momento de silêncio Pois a tristeza é como maré que fica cheia  Quando é o tempo dela subir, Não há muro nem cerca que a impeça de sê-la   Ela só vem vindo devagar, subindo... ocupando os espaços e se achega. E é assim mesmo...  A gente só aceita e fica ali olhando pra ela como maré cheia... O barco indo embora agora no horizonte é tristeza. E é triste também o silêncio dos Domingos, das casas e ruas e vazias... Não adianta vim me falar o contrário e achar que sou pessimista porque sei que em toda dose de alegria há uma parcela de tristeza escondida... Mas nem por isso eu não rio,  como lindo é o rio Caeté Pelo contrário... Quando essa maré vira e a tristeza começa a secar  O sabor das coisas voltam de novo  e eu começo a valorizar  até mesmo a maré que de cheia me fez enxergar  como é bom a maré seca pra gente sair pra pescar... (25/10/20, bem aqui as marge

Sobre avanços pessoais

 Bom dia meu povo  Amanheci hoje pensando nas conquistas que já tive nessa vida, tanto as materiais quanto as referentes ao desenvolvimento pessoal. E aqui refletindo junto com o nascer do sol fiquei matutando que a gente tem que aprender a dá valor a cada pequeno avanço que temos. Temos que aprender a se olhar melhor e se valorizar. Temos que aprender a dar, nós mesmos, o significado exato das coisas que nos são singulares... Digo isso no sentido de que não é o outro que tem que dizer quem nós somos e o quanto "valemos", não! Somos nós! Não podemos nunca depender da aprovação ou não dos outros pra poder se afirmar como pessoa... Eu já sofri um bocado nessa vida, assim como vocês, o fato é que todo mundo tem sua história de luta, algumas mais difíceis, outras um pouco menos, porém é a luta de cada um, se você se superou anime-se e comemore mesmo, é a sua vida e a sua batalha. Acho que só agora, a beira dos 35 anos, é que tô aprendendo a me olhar, sabe... Durante muito tempo a

Concurso público de Irituia

 Concurso público de Irituia (ano 2060) Questão 22 - história do município: Leia o texto a seguir retirado da página de uma popular rede social da época e responda a questão de múltipla escolha:  "Pelo que vi até agora dele na convenção e na entrevista na rádio, honestamente, não percebi nenhum preparo, uma vez que ele não tem em seu discurso nenhum tipo de conhecimento técnico e nem mesmo parece possuir experiência administrativa, além dele não conhecer a realidade de Irituia.  Ele também não tem história de luta social, ele é apenas um membro do grupo Tonheiro. Ele mesmo, a pessoa dele, não me parece possuir atributos para ser um prefeito, assim como a atual gestora na eleição passada não possuía nenhuma condição também, da mesma forma que ele hoje.  Então que mudança é essa? Seis por meia dúzia? Ele e ela são equivalentes." (H. Entaperado/2020) # No texto acima quem era "Ele" e "Ela": a) Ednaldo e Arlete  b) Peruano e Tereza  c) Bilar e Piedade d) Roloc

Homens e mulheres

 Vamos refletir mais um bocadinho sobre a separação de possibilidades entre homens e mulheres?  Vamos lá...  Vocês já se atentaram que cedo o homem começa a conquistar as coisas?  Por exemplo, já repararam que hoje em dia o moleque descola cedo uma moto pra ir atrás das meninas?  É um exemplo tosco e banal! Mas vocês já se perguntaram por que diabos sempre é o homem, ou pelo menos na maioria vezes, que tá pra cima e pra baixo numa moto, sua ou de seu pai, e a mulher não? Sendo que essa é sempre a "interesseira", rotulada inclusive de "Maria Gasolina"? A minha hipótese é de que isso é o puro machismo agindo de forma silenciosa e naturalizada. O homem desde cedo é incentivado a "conquistar", a ser destemido, a "correr atrás", a trabalhar, a dá um jeito de arrumar dinheiro, ou se não trabalha o pai dá a moto ou carro pra ele usar... E a mulher? Tá lá "recatada" dentro da casa, só estudando, ou na pior das hipóteses, presa aos afazeres domé

Mulheres

 Mulheres,  se puderem, se tiver como: estudem, estudem, estudem, estudem, estudem, estudem... Ocupem os cargos de poder na estrutura podre e machista desse país e desse planeta. Mas estudem não só para isso, mas estudem e leiam muito pra vocês também se desconstruirem e se livrarem do seu próprio machismo. Você, mulher, não é obrigada a servir e nem a cuidar de homem, a ser a dona de casa e a mãe de família, nada e nenhum papel socialmente atribuído a você é natural. Não se contentem em ganhar menos, em ser menos, não se contentem a só ouvir, a só obedecer, não se permitam ser corpos inanimados na visão masculina e deixar que os homens decidam sobre eles e legislem sobre seus direitos...  Tornem-se advogadas, promotoras, juízas, vereadoras, prefeitas, deputadas, governadoras, senadoras, presidente... Mexam na estrutura vocês mesmas, mudem aquilo que o universo feminino de vocês entenda que precisa ser mudado, ajudem umas as outras e não caiam no erro de reproduzir entre vocês a estrut

É tão triste

É tão triste que tenhamos reduzido a política, coisa tão séria, primeiro, ao período de campanha. Segundo, a ausência de debates e propositura de ideias. A boa política nunca deve deixar de existir, seja por parte dos que estiverem no poder, quanto por parte do eleitor. Os ocupantes de cargos eletivos deveriam viver seus mandatos integralmente para o cuidado do povo e não apenas em busca do voto no período de campanha. E os eleitores, cidadãos antes de tudo, deveriam continuar vigilantes e participativos, se organizando e lutando por seus direitos. Dá vontade de desistir da política quando a hipocrisia impera na relação discurso/prática!  Da vontade de desistir quando percebemos que a relação miséria/dinheiro faz a diferença!  Dá vontade de desistir quando tudo vira torcida ao invés de um justa análise dos fatos. Mas apesar da vontade de desistir a gente vai resistindo, até que em algum momento a gente tome outro rumo e vá buscar melhoria em outro lugar...

Ditados populares e política

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Esse é um projeto do qual estou participando onde analisamos/refletimos temas de cunho social e político. 

Enquanto houver miséria

Enquanto houver miséria Não haverá consciência Enquanto houver miséria Não haverá Liberdade Enquanto houver miséria Não haverá educação Enquanto houver miséria Não haverá nenhum avanço Porque onde existe miséria Há os que dela se aproveitam  Onde ela existe nada vai pra frente  A miséria enche a mesa dos abastados Fazendo fartura aqueles sem coração Nunca se esqueçam disso Há comida pra todos,  Há condições pra todos viverem bem  Mas se isso acontecer Não haverá a miséria que alimenta os de cima Aqueles que vivem como Reis E eles sabem disso Por isso a miséria permanece  Ela sustenta os parasitas, Os piolhos, as pulgas e carrapatos  A miséria é coisa programada 

As chuvas de fim de ano

Um dia eu espero entender o que tenho contra os meses chuvosos de fim de ano, ou o que eles tem contra mim. O peito aperreia e me sinto triste como quem não conhece o sol que nascerá noutro dia.  A certeza de que a tempestade passará não me trás alívio e nem mesmo consolo, eu acabo apenas sofrendo, calado, na minha. Fico na rede ouvindo a chuva e o frio me faz buscar uma coberta, não sei o que se passa, tá tudo certo comigo, pelo menos na superfície da vida.  Já pensei sobre isso tantas vezes, mas acabo voltando ao mesmo lugar, aquele lugar de angústia solitária. Ninguém me entende e eu já não busco mais ser entendido, eu só espero as chuvas passarem e lavarem com ela essa coisa que me suja o peito de dor. Os pássaros e os peixes se regogisam enquanto chove e a chuva enche os igapós, nascedouro de outras vidas e cadeia de morte e vida. Os pássaros cantando agora entre essas linhas me fazem enxergar uma luzinha amarela em meio a esse cinza dessa amanhã. É o Sabiá, a Coleira, o Tentem...

O relato mais difícil da minha vida...

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  Em janeiro desse ano de 2020 fui diagnosticado com ansiedade associada à depressão ! Esse é o núcleo da história. Mas não é aí que a coisa começa.   Eu sempre soube que eu era uma pessoa diferente, mais introspectiva, um pouco mais difícil, com o senso de responsabilidade acima da média, disciplinado com meus estudos e um tanto medroso. Um medo abstrato. Medo de mudar, medo de escolher, medo de tomar alguma decisão, medo de estar errado nas minhas escolhas... Pra mim sempre foi difícil tomar grandes decisões. Foi difícil ir morar em Belém pra estudar, foi difícil ficar longe da minha família e dos meus amigos, foi difícil escolher um curso superior, foi difícil largar um curso superior, foi difícil encarar ser professor, foi difícil largar um cargo público concursado, foi difícil recomeçar tantas vezes...   Mas tudo isso, você pode pensar, é normal... é difícil pra todo mundo... Mas eu me comparava com esse “todo mundo” e achava que algo em mim era diferente, eu percebi

Serviço domésticos é coisa de homem e mulher

 A nossa geração tem a obrigação de romper com esse costume que se arrasta há tempos de que os serviço domésticos são coisas de mulher!  Isso é ruim pra todo mundo, cria homens inúteis, se sozinhos numa casa, e mulheres impedidas de ter tempo suficiente para lutar por sua independência!  O correto é que ambos os sexos sejam responsáveis por cuidar de um lar! Sem diferença nenhuma! Todos lavam, passam, limpam, cozinham e etc. da mesma forma.  Cuidar de uma casa é cansativo, estressante, demorado, repetitivo e toma muito tempo todo dia se feito só por uma pessoa! Se essas tarefas são divididas fica bom pra todo mundo. Pais e mães de hoje, eduquem seus filhos para que ambos tenham as mesmas responsabilidades e possibilidades! Bom dia sobreviventes...

Redes

 Vou te falar uma coisa, as redes sociais vem contribuindo muito negativamente com o desenvolvimento da coisa humana. Há uma grande valorização da vida superficial! Não me parece que as pessoas tem buscado se diferenciar através de virtudes mas, pelo contrário, tem cada vez mais buscado a coisa mais rasa possível da vida.  "Ninguém" mais diz gostar de estudar, ou ter gosto por ler um livro, ter um sonho ligado algo mais altruísta ou pelo menos uma legítima preocupação social, participar de algum projeto ou se interessar por coisas coletivas e de interesse coletivo. Nossa geração está estupidamente voltada para o próprio umbigo. Voltado para os corpos e para a ostentação, seja ela qual for. A gente perdeu alguma coisa essencial aí pelo caminho... Não sei onde foi a falha no processo, se na família, na escola, na igreja, na TV, ou que a grande vilã seja a internet... O fato é que estamos cada vez mais rasos, com conversas mais rasas, com sonhos todos iguais, com gostos todos ig

Cópia da cópia da cópia...

 É só uma observação: Eu fico daqui observando e vejo o quanto nós estamos nos tornando terrivelmente padronizados.  Já perceberam? Há uma ideia geral do que é o "belo" e ela chega nas poses das fotos, no jeito de fazer o cabelo, nos acessórios que meticulosamente se exibe, nas marcas das coisas, na seleção dos lugares que devem vim a público, na cerveja, no relógio, na sombrancelha, no olhar, no gosto da música, nos sonhos que se quer realizar... Qual o limite disso?  Perdeu-se aquela naturalidade que era o charme de cada um... Por que a gente fica se replicando, se repetindo? Meus Deus, até o sorriso se busca imitar... Quantos por aí já até se perderam no meio disso, entraram tão profundamente nessa paranóia que depois não sabem voltar! Não sabem mais o que eram ou o que são em sua particularidade. Tudo bem, eu sei que vocês vão me achar esquisito ao dizer isso, mas é justamente esse o sentido.

SUPERAÇÃO... (história real)

  Antes de ontem eu estava andando de bicicleta pela cidade e decidi ir pra estrada, rumo a entrada do Itabocal, de bicicleta já puxa um pouco chegar até lá. No trajeto, logo passando da capela de onde sai a procissão do círio eu passei pelo Branco Velho (esse mesmo do carimbó) que praticava, com seu jeito peculiar, uma corrida de fim de tarde. Primeiro, ele já passava da capela, imaginei: "esse po## não vai aguentar ir até na entrada do Itabocal (no trevo)"... Pois bem, passei por ele e o cumprimentei, "eeeehhh bicho"... e ele na mesma entonação respondeu. O sol ainda queimava, era umas cinco da tarde, e eu, de bicicleta, resolvi subir aquela primeira ladeira, grande pra caramba, logo passando o trevo em direção ao Igarapéaçuzinho. Cheguei morto lá em cima e por lá fiquei puxando o ar...   Admirando do topo da ladeira o fim de tarde eis que surge lá em baixo a lenda... ele vinha todo torto correndo, mas vinha, o Branco Velho subiu a ladeira correndo e passou de ond

CHOVIA NAQUELE DIA...( ou, "Minha primeira desilusão política...")

Era uma tarde qualquer, de um dia qualquer, de uma tarde qualquer... Chovia... Como de costume passávamos por maus bocados administrativos em Irituia... Os ventos da "mudança" sopravam fortemente e todos sabiam que algo iria acontecer... Era tempo de campanha e eu era um adolescente ainda muito imaturo e despreparado politicamente... Eu não me ligava no que acontecia, só pensava em jogar bola e vídeo game...acontece que eu sabia quem eram os donos poder, e o pior, naquela época uma pessoa da política tinha um status muito grande, muito maior do que se tem hoje em dia... pareciam seres intocáveis, verdadeiros semideuses... Esse pessoal da política pra mim e meus amigos eram verdadeiros alienígenas, seres com os quais nenhum de nós tinha contato... Mas como eu disse, era um dia qualquer e etc... Chovia!!!! Reparem bem!!!! "CHOVIA"!!!!!!! Estávamos em uns 15 moleques, ou mais, na quadra do Comercial, aqui na beira rio, jogando uma travinha

O outro lado do rio

Quando se era moleque aqui por essas bandas atravessar o rio Irituia era como um ritual sagrado. Um divisor de águas em nossas vidas. Um momento em que enfrentávamos, sozinhos, cada um ao seu tempo, o grande medo! O medo das águas, O medo da morte, O medo do boto Atravessar o rio era como ser parte dele, finalmente ser parte dele. Do grande rio Irituia, de águas secas e de grandes cheias... Do rio do peixe, da cobra, do banho, do banzeiro, do pescador... Atravessar o rio era ser um pouco mais corajoso só quem conseguia atravessa-lo podia chegar até o barro O barro branco/cinza que é a argila do outro lado Ouro e arte nas mãos dos que dela sabem se aproveitar Do outro lado do rio era que as coisas aconteciam boa parte da pira que se brincava ocorria do outro lado Lá era o lado dos destemidos das trilhas na mata da guerra de barro... Atravessar o rio não era só aprender a nadar era muito mais que isso havia uma certa mágica naquilo lá do outro lado tinha o ci

Soldado e ladrão

Será que todo mundo conhece que há uma brincadeira com esse nome? Soldado é quem sai pra prender e o ladrão é o que foge e quer "na mãe bater"! Que infância legal brincamos muito éramos muitos Toda noite tinha Formávamos os times decidíamos quem seria a policia decidíamos quem seria o ladrão havia mil estratégias tanto pra fugir quanto pra prender Por Irituia toda valia era um corre-corre danado pulava-se quintais escondia-se no escuro Tudo aquilo ali era um universo único aprendia-se a ser grupo, a criar estratégias, ria-se muito... Tantos amigos daquela época hoje espalhados pelo mundo por toda parte tem gente mas foi na infancia em Irituia que aprendemos a ser gente Pois é nessa lembrança gostosa que regamos a esperança de que nossos filhos possam também terem uma infância. Pois hoje o mundo anda mais louco a loucura está na palma da mão em vez de correr na praça a criança corre pra por o celular na mão.

Pira-cola no rio Irituia

A galera de hoje talvez não saiba, mas as da minha geração vão lembrar Esse rio já serviu de disputa entre os que fugiam e os que iam colar Éramos mais de vinte toda tarde valia por toda parte do poção ao Arirambar Nadava-se muito corria-se no mato mergulhava-se entre os troncos passava-se entre os galhos Tudo lúdico água, terra e mato A tarde era rápida assim como qualquer alegria nossa "pira" era sagrada enquanto a tarde caia os olhos ficavam vermelhos de tanto querer enxergar por debaixo mas por baixo havia areia suspensa e liso era de argila o outro lado  Era possível colar alguém num fôlego havia quem conseguia um era o Tampa que por baixo d'água ninguém via Pulávamos da ponte valendo um "mata" quem ia por primeiro tinha que ter força na passada Tudo acontecia por ali pelo entorno do arirambar Nosso mundo era tão pequeno pequena era nossa vida Nos satisfazia esse banho de rio éramos felizes quanta alegria

Saudade do carimbó de Irituia

Quando vai chegando janeiro vai dando logo uma cuira nas pernas sabe-se de longe que chegou a hora Cortam-se os paus e as palhas Fincam-se os paus Trançam-se as palhas Já chegará também as chuvas por isso o barracão de palha De longe o irituiense, filho da terra que foi à luta sofre do banzo, da mesma tristeza do negro arrancado de casa Banzo é tristeza e saudade da terra um sentimento quase de doença na alma é assim o carimbó pra quem tá longe Um relembrar triste das grandes alegrias das festas Soltos mundo a fora, os irituienses crescem compram suas coisas, batalham, casam, criam seus filhos, criam e realizam sonhos... Amadurecem. Mas quando chega janeiro é sempre a mesma coisa o banzo aparece Uma saudade daquela gente daquele batuque do canto desafinado do mestre da rima das coisas da terra do cheiro das coisas da terra Começa o carimbó na sexta e o tempo parece embaralhar-se ao fechar os olhos o irituiense sonha acordado rodopiando e descendo