Uma pequeníssima parte

Hoje, mais uma vez, acordei bem cedo, bem cedinho mesmo, junto com os pássaros e os silenciosos sons da natureza. 


Acho que chuvia e eu conseguia ouvir a água caindo, tocando as folhas do abacateiro.


Junto a esse som divino se misturava o canto dos pássaros. Suis, Bem-te-vis, sabiás...


Uma Coleira acabou de se juntar a cantoria e seu canto trouxe memórias a consciência... Lembrei do meu tempo de moleque que levantava cedo pra ir atrás de passarinho...


Que bom que hoje eu aprecio a vida de outra forma, hoje sei que o que a natureza nos dá de graça não precisa ser aprisionado, apenas sentido... 


As cores do céu alvorecendo pintam sempre o mais belo quadro, toda manhã, ainda que o tempo esteja nublado, a natureza dá seu jeito de ser um espetáculo...


Me passa pela cabeça agora se essa sensibilidade que chega é produto da idade que avança, a juventude tem pressa e a velhice é calma e eu tô bem no meio dessa estrada, pendulando entre o velho e o novo...


O vento que entra agora pela janela tem a temperatura exata que meu corpo precisa pra pedir uma coberta, eu quase que posso tocar nessa brisa fria que sopra da madrugada das matas e do ventre ainda vivo do rio...


Também tô imaginando que pra quem mora na beira da água talvez seja possível até ouvir os peixes nadando, talvez com um pouco de sorte o boto boiando, quem sabe até ver a arraia dançando feito uma bailarina...


Aprender a sentir a vida fluindo talvez requeira tempo mesmo, a gente tem que aprender a desacelerar e se reconectar com o divino, com a divindade que habita em nós... 


Somos só mais uma parte do todo, só uma parte, uma pequeníssima parte... Somos essa vida bonita lá fora também, precisamos voltar a sentir isso... Pra preservar a beleza das coisas da vida...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém é especial!

Mês de janeiro em Irituia

Espinosa - O apóstolo da razão (Filme completo)