As chuvas de fim de ano

Um dia eu espero entender o que tenho contra os meses chuvosos de fim de ano, ou o que eles tem contra mim. O peito aperreia e me sinto triste como quem não conhece o sol que nascerá noutro dia. 

A certeza de que a tempestade passará não me trás alívio e nem mesmo consolo, eu acabo apenas sofrendo, calado, na minha. Fico na rede ouvindo a chuva e o frio me faz buscar uma coberta, não sei o que se passa, tá tudo certo comigo, pelo menos na superfície da vida. 

Já pensei sobre isso tantas vezes, mas acabo voltando ao mesmo lugar, aquele lugar de angústia solitária. Ninguém me entende e eu já não busco mais ser entendido, eu só espero as chuvas passarem e lavarem com ela essa coisa que me suja o peito de dor.

Os pássaros e os peixes se regogisam enquanto chove e a chuva enche os igapós, nascedouro de outras vidas e cadeia de morte e vida. Os pássaros cantando agora entre essas linhas me fazem enxergar uma luzinha amarela em meio a esse cinza dessa amanhã. É o Sabiá, a Coleira, o Tentem... Estão todos ouriçados agora e eu aqui os ouvindo, quietinho, com frio e sozinho em mim mesmo.

Mas o sol há de voltar novamente...

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém é especial!

O HOMEM DIAMANTE

Mês de janeiro em Irituia