Parece estranho ler isso? Pois me parece que é assim que a maioria se comporta! Como se fosse alguém especial, ou intocável! A negação perante a realidade que deseja criar a ilusão de que se é a única pessoa que não vai adoecer, ou morrer, em meio ao caos epidêmico que estamos, é um sintoma psicológico compreensivo. Negamos veementemente aquilo que é difícil de aceitar. Talvez seja o medo que faça com que quem perdeu um amigo, ou um parente, ou apenas um conhecido, continue sendo irresponsável consigo mesmo e com seus próximos. Um medo profundo que é impedido de emergir e se transformar em cuidado. Um medo de ceder ao racionalmente necessário e ainda assim não ser o suficiente. Ou seria, talvez, quem sabe, o medo de fazer o necessário e ainda assim adoecer e morrer! E se a morte é certa, talvez se pense, "por que se aquietar se ainda gozo de plena saúde e tesão pela minha vida?" Pois nesse momento eu prefiro ter medo, pois o medo pode salvar, se não a mim ao outro, pois se t
Não sei como é o mês de janeiro pras bandas daí de vocês, mas por aqui é sinônimo de dança, gengibirra, barracão e do ressoar dos curimbós. É uma tradição cuja origem se perde e se mistura com a história do nosso município. Chega a ser curioso nosso enlace com essa cultura e com a festa que se comemora em função dela. Antes, nosso festival era ligado ao santo preto, São Benedito, o santo do nosso povo Paqué, porém, depois de muitos anos e de uma decisão da igreja, resolveram separar o religioso do profano, e a festa que era de São Benedito passou a ser chamada de Festival do carimbó irituiense. O nosso festival é grande, de ehncher os olhos de quem chega por aqui desavisado. O batuque dos grupos é em cima do palco e a dança é dentro do barracão de palha construído todo ano na praça. O irituiense só dança o carimbó se for embaixo do barracão, rodando, girando, em pares ou sozinho, mas sempre por baixo da palha. Chove fora e molha dentro, mas ninguém se importa, tudo é festa, tudo é uma
Enquanto o mundo está acabando, a delegação de um famoso time de futebol está em viagem para fazer um jogo fora de seu Estado. Outro dia morreu a mãe do roupeiro do time e o pobre não pôde nem se despedir direito, já que o enterro é feito às pressas e de caixão fechado. Enquanto o mundo está aos frangalhos lá fora, o pessoal da minha cidade continua fingindo que tá tudo bem e reúne-se para fazer um churrasquinho no fim de semana, só os mais chegados, coisa de quinze pessoas, o problema é que eles esqueceram que a vizinha cuida da mãe já idosa, teme por sua saúde. Enquanto o mundo desaba lá fora, os classe média resolveram pegar uma praia neste domingo tranquilo. Eles alegam que vão respeitar o "distanciamento", só esqueceram de combinar com as outras dezenas de milhares de pessoas na areia da praia. Enquanto o mundo padece lá fora, você, e eu, que não perdeu ninguém nesses tempos sombrios, não sabe ao certo o que tá acontecendo. A gente não tem ideia do que é ver um conhecido
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