Eu também quero

A sociedade é podre, ela me faz lembrar aquele saco de lixo com alimentos orgânicos em estado de putrefação no lixeiro perto da pia da cozinha. Fedorenta, cheia de moscas. As vezes tenho vergonha desta espécie mesquinha a que pertenço, seres fúteis e vendáveis, seres idolatras e ignorantes. Deve ser muito bom está na ponta dos cascos, no topo da cadeia social, olhando de cima para baixo, vendo a massa amorfa se debater pelas migalhas, gritando, esperneando, criticando, esperando a sua vez, sim! Todos invejam aos que são os donos da ordem, os urubus reis da sociedade. To cansado de estar aqui em baixo vendo tudo acontecer, de me ver apodrecendo em meio a tanta coisa podre, estou na verdade desapontado por estar aqui e ver. O ser humano é uma ideia minuciosamente construída, moldada, convencida e acalmada em sua posição repugnante de comodismo intelectual. Não tenho mais certeza alguma daquilo que um dia chamei de sonho, vivo agora a desconstruir a utopia que me fizeram acreditar, de que era possível algum tipo de mudança, pelo menos de postura frente a vida. Eu estou aqui fétido e tão idolatra quanto meus iguais, doido pelo meu lugar ao sol, doido pra fazer parte dessa engrenagem capitalista maldita que agora tanto amo! Capitalismo maldito, como és belo e formidável, tu expusestes o quanto somos frágeis e vaidosos, tu deixas claro o que queremos e também o quanto não nos importamos com nada ao nosso redor. Se há alguma coisa humana, ou que se confunde tão bem com algum tipo de essência humana, és tu, alma humana, capitalismo.

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