Parece estranho ler isso? Pois me parece que é assim que a maioria se comporta! Como se fosse alguém especial, ou intocável! A negação perante a realidade que deseja criar a ilusão de que se é a única pessoa que não vai adoecer, ou morrer, em meio ao caos epidêmico que estamos, é um sintoma psicológico compreensivo. Negamos veementemente aquilo que é difícil de aceitar. Talvez seja o medo que faça com que quem perdeu um amigo, ou um parente, ou apenas um conhecido, continue sendo irresponsável consigo mesmo e com seus próximos. Um medo profundo que é impedido de emergir e se transformar em cuidado. Um medo de ceder ao racionalmente necessário e ainda assim não ser o suficiente. Ou seria, talvez, quem sabe, o medo de fazer o necessário e ainda assim adoecer e morrer! E se a morte é certa, talvez se pense, "por que se aquietar se ainda gozo de plena saúde e tesão pela minha vida?" Pois nesse momento eu prefiro ter medo, pois o medo pode salvar, se não a mim ao outro, pois se t
Não sei como é o mês de janeiro pras bandas daí de vocês, mas por aqui é sinônimo de dança, gengibirra, barracão e do ressoar dos curimbós. É uma tradição cuja origem se perde e se mistura com a história do nosso município. Chega a ser curioso nosso enlace com essa cultura e com a festa que se comemora em função dela. Antes, nosso festival era ligado ao santo preto, São Benedito, o santo do nosso povo Paqué, porém, depois de muitos anos e de uma decisão da igreja, resolveram separar o religioso do profano, e a festa que era de São Benedito passou a ser chamada de Festival do carimbó irituiense. O nosso festival é grande, de ehncher os olhos de quem chega por aqui desavisado. O batuque dos grupos é em cima do palco e a dança é dentro do barracão de palha construído todo ano na praça. O irituiense só dança o carimbó se for embaixo do barracão, rodando, girando, em pares ou sozinho, mas sempre por baixo da palha. Chove fora e molha dentro, mas ninguém se importa, tudo é festa, tudo é uma
Sou fascinado por uma palavra. Trata-se de admiração e culpa. É o som dela e o para onde ela me leva a causa. Tinha doze anos, talvez menos. A palavra, encarcerada em seu diminutivo, chorava e eu achava lindo. Fui seu carrasco por anos. Nem as belas paisagens por onde a carreguei me tira a culpa. Saíamos cedinho. Neblinava quase sempre. Pensando aqui eu posso até sentir o cheiro do mato molhado. Havia restos de árvores queimadas pelo chão. Negro, cinza e verde compunham aquela paisagem. Eu demorei para entender que estava errado. E o tempo foi tanto que a consciência chegou muito depois da minha mudança. Em um dado momento parei, mas foi apenas um abandono. Sem reflexão! Passados janeiros. Chegada a poesia. Aí sim. Entendi: “Não há amor sem liberdade”. “Não se pode admirar um pranto”. “Eu não cuidava, eu judiava, pois prendia”. Quando a mudança tornou-se realmente consciente e profunda, lembro bem do dia “D”. Nessa altura eu já era o prisioneiro desse passado inconsciente. A m
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