Um processo longo, acumulativo e talvez irreversível de "mutação" do FESTIVAL DA CULTURA!


Amigos, convido-os a fazer uma pequena análise do processo acima citado, e isto já a partir da Praça central aos moldes de como a vemos hoje! Nosso festival vem sofrendo ao longo dos últimos 10 anos (mais ou menos) pequenas e sensíveis modificações em sua caracterização visual e logística! 
O parâmetro que eu utilizo em termos de memória recente tem o festival com: inúmeras barraquinhas de madeira (o fato de ser de madeira não é o cerne da observação) ao longo da lateral que possuía o objetivo de abrigar, além da venda de cervejas (que hoje corresponde a 90% das barraquinhas de metal) e comidas que temos hoje, diversos produtos que vinham da nossa agricultura e também as produções artísticas (artesanatos, quadros, fotografias e etc.)  da cidade (reduzida a uma única e esquecida barraca no centro da praça hoje em dia). O centro da praça era preenchido com mesas e cadeiras para que as famílias pudessem se acomodar para acompanhar as atrações culturais e poder  consumir os alimentos oferecidos pelos vendedores das ditas barraquinhas (aqui é um ponto discutível, esse modelo antigo não sei até que ponto era excludente em termos econômicos, hoje toda esse cenário foi substituído pela arquibancada lateral, o que me parece positivo em termos de acomodação).  Também há o quesito DECORAÇÃO do espaço, o que criava o "clima de cultura" que embelezava e servia de amostra de nossas lendas locais (hoje isto ficou concentrado apenas no palco central). Outro ponto esquecido e deixado de lado ao longo dos anos foi a GINCANA CULTURAL entre as equipes do festival, um dos pontos altos da festa  e que dava um caráter mais comunitário, a mesma, em tempos mais antigos, pois havia essa participação popular no evento, eram divertidas as provas que agitavam a cidade o dia inteiro com as disputas na beira do rio, por exemplo. 
O passar dos anos tem transformado o festival muito mais em um "espetáculo de palco", onde o espaço cada vez mais se enxuga, ficando sem adereços, cadeiras, enfeites e etc. visando apenas a concentração de pessoas a frente do palco! O evento deixou, já a muito tempo, de ter um caráter acolhedor e familiar para migrar para este cenário mais compacto e de observação das apresentações que passam pelo palco da cultura, principalmente as atrações musicais (que criou-se a obrigação de ser grandiosas e de porte nacional) que encerram a noite! Por sorte, ainda temos muitos grupos culturais todos os anos para se apresentar, e este fato é o ponto central que não deixa descaracterizar totalmente a nossa festa! A cultura popular ainda sobrevive no imaginário daqueles que a produzem, mesmo sem muito apoio ou aplausos durante o ano inteiro, os grupos sempre esperam seu momento áureo no palco do festival!
Por conseguinte, meus amigos, fiquemos de olhos abertos e lutemos para que nosso festival não tome rumos que o desconecte, em futuro próximo, de suas raízes e objetivos iniciais (ainda presentes hoje em dia), principalmente de ser o palco de nossa cultura, que passa o ano inteiro esquecida pelas políticas publicas e que dá essa suspirada no mês de julho! 

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