O Grande mestre


O Grande mestre (meu primeiro conto)

O grande mestre, bravo como poucos, enfrentou os piores mares. De peito aberto, a dificuldade efervescente do mar sempre o motivou, as ondas eram suas amigas. Raios, trovões e trovoadas o faziam rir. Como o grande mestre sabia viver a vida. Sempre perseguindo algo, sempre atrás de uma resposta o grande mestre viajava por todos os lados. Mas o grande mestre tinha um medo, um medo que não revelava a ninguém, em toda a sua busca, ele sabia sempre a hora certa de parar e tomar outro caminho.

O Grande mestre temia descobrir algo, temia a verdade; e todas as suas virtudes iam por terra devido a esta fraqueza, e ele sabia disso, isso incomodava o grande mestre, o tornava egoísta, os planos de uma nova viagem eram apenas seus. Ele traça os planos, os dias, a rota, tudo o grande mestre decidia, pois sabia que o fim deveria sempre guardar a verdade.

Esta busca e ao mesmo tempo esta fuga da verdade passou a tomar conta do grande mestre, era algo muito conflitante, ele buscava algo que tinha medo de encontrar. Decidido em larga esta idéia que tanto o perturbava, o grande mestre tentou de todas as formas esquecê-la, deixou de velejar, de se arriscar pelos mares tempestuosos que tanta alegria o trazia. “Mas como esquecer”- dizia o grande mestre: “se eu vejo por todos os cantos, são os meus medos que velam o que eu não quero ver, mas vejo”.

Grande mestre, desesperado e perdido grande mestre, passou a desejar a cegueira, na tentativa de acalmar a mente – “se deixar de ver, terei mais paz. Trocarei meus olhos pela paz de espírito”. Imbuído desta idéia o grande mestre decidiu viajar para a “Ilha dos cegos”, local onde as pessoas viviam felizes, pois nenhum mal viam em nada. O grande mestre vendou os olhos e se apresentou no local, foi bem recebido e de inicio teve até um bom sentimento por está ali, mas o grande mestre, mesmo de olhos vendados, ainda enxergava, pois a ignorância alheia era vista com a mente e não com olhos, concluiu ele.

Grande mestre, desesperado, conflituado, e solitário grande mestre. Decidiu a partir de então se isolar de todos, pois ninguém o entendia – “que busca é essa afinal que nunca acaba, que angústia é essa que não cessa”- perguntavam seus pares. O grande mestre também não tinha as respostas. Subiu no barco, hasteou as velas, e partiu sozinho pro mar, o mar da solidão.

Comentários

  1. Precisamos de aprovação e de desaprovação. Precisamos de experiências alheias. Estar sozinho é um campo aberto para você criar pensamentos não consistentes. Pensamentos com apenas uma óptica. O outro, seja qualquer um que for, é necessário para passar outra visão, e assim, fortificar o seu tipo de caminho. Porque afinal, ele, ela, eles ou elas, vivem outras vidas e outras experiencias necessárias para o ser humano ampliar sua visão. Não se limite na solidão.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém é especial!

Mês de janeiro em Irituia

Birds