O Melody é cultura paraense!?






Meus caros amigos, alguns de nós, devem concordar que o melody não é um estilo de música com letras e melodias que agradem nossos ouvidos, mas ele é o que chega a grande parte da nossa população, é a música popular de nosso Estado, que toca em todos os lugares, e isso veio do povo e é repassado de geração após geração, logo é uma cultura paraense. Devemos ter cuidado com as criticas referentes a discussão se este estilo musical é ou não "cultura paraense", para não voltarmos no tempo e cometermos atos preconceituosos referentes ao nosso jeito ver o mundo em prejuízo ao ponto de vista do "outro". Penso neste momento nas discussões da antropologia referente aos primeiros estudo sobre a "cultura" e suas definições, e recordo que este termo era exclusivo daqueles intitulados como "cultos", no caso de tempos atrás, os "europeus" que rotulavam como bárbaros todos os outros povos com culturas diferentes das suas. Foi longo o caminho de universalização daquilo que hoje entendemos por cultura, espero que não retrocedamos a este tipo de debate a esta altura dos tempos.

Outro ponto para refletirmos a respeito do melody, e isto é uma coisa muito positiva, é a maneira pela qual ele se tornou uma força tão grande no Pará. Sem a ajuda da elite, sem precisar inicialmente das rádios, e nem de patrocínios, este gênero musical, que incomoda a muito de nós com suas batidas agressivas e letras sem responsabilidade alguma, é produto de uma longa história das pessoas que vivem pelas periferias do Estado que não tiveram acesso aos meios culturais mais bem elaborados e sofisticados, pois não se enganem, o gosto musical é lapidado muitas das vezes pela educação musical. Como disse um de nossos grandes intelectuais brasileiros, o filósofo, Mario Cortela, em uma de suas entrevistas, “a metáfora é um recurso linguistico perigoso no Brasil, os que a usam, correm o risco de serem mal interpretados”, mostra bem o porquê do sucesso do melody.

Devemos ter em mente que a banalização presente nas letras é reflexo de todo o mundo atual em que vivemos, penso, se no final, em vez de vilão, o melody também não seria uma vítima deste sistema em que vivemos. Acredito que vocês lembram que os "bregões" do passado eram músicas belíssimas, tanto do ponto de vista de letra quanto de melodias, mas que assim como o sertanejo, o forró, o samba, o pagode e até o nosso sagrado rock'in rool não são mais os mesmos... De repente o problema não é o ritmo e sim o tempo que vivemos. Um tempo em que tudo que é “rápido” e “descartável” é bem vindo. Um tempo de pouco pensamento e muito pragmatismo nas ações. Mas no fim, creio ser só mais um tempo, e assim como tudo, vai passar.

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