Birds

 Sou fascinado por uma palavra. 

Trata-se de admiração e culpa.

É o som dela e o para onde ela me leva a causa. 

Tinha doze anos, talvez menos.

A palavra, encarcerada em seu diminutivo, chorava e eu achava lindo.

Fui seu carrasco por anos.

Nem as belas paisagens por onde a carreguei me tira a culpa.

Saíamos cedinho. Neblinava quase sempre.

Pensando aqui eu posso até sentir o cheiro do mato molhado.

Havia restos de árvores queimadas pelo chão. 

Negro, cinza e verde compunham aquela paisagem.

Eu demorei para entender que estava errado.

E o tempo foi tanto que a consciência chegou muito depois da minha mudança.

Em um dado momento parei, mas foi apenas um abandono. Sem reflexão! 

Passados janeiros. 

Chegada a poesia. 

Aí sim. Entendi:

“Não há amor sem liberdade”.

“Não se pode admirar um pranto”. 

“Eu não cuidava, eu judiava, pois prendia”. 

Quando a mudança tornou-se realmente consciente e profunda, lembro bem do dia “D”.

Nessa altura eu já era o prisioneiro desse passado inconsciente.

A minha parcial-liberdade clamava por um símbolo.

E lá estava ela! A última palavra! Prisioneira ainda pela ignorância poética do meu pai.

Foram muitas conversas. 

Mas enfim, foi lindo o final.

Saímos juntos de carro.

Meu pai, meu irmão e eu.

Buscamos um bom lugar.

Abri a portinha.

Falei:  

Voa passarinho.  






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém é especial!

Mês de janeiro em Irituia