Na gaveta


Nunca imaginei que viria parar aqui onde estou agora. No escuro. Perdida. Sem sentido de ser. 
Eu que vim que de tão longe, raptada das serras, retirada aos pedaços do chão. 
Meu brilho já não causa mais beleza, virei tristeza. Sou hoje uma lembrança que se quer esquecer, mas não se esquece e ele sabe disso.
Ele poderia ter me jogado fora, vendido, dado, mas não, guardou-me. 
Já não saio. Já não represento. 
Sou uma memória com forma, preço e cor. 
Sem a carne dele por dentro, eu apenas pereço. 
E quanto mais passa o tempo, mais esperança eu perco. 
Já não há mais choro. Foram-se meses. Não há mais nada que lembre o ocorrido, só eu. Apenas eu, aqui esquecida. Até quando? 


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